Esselecizê –

Téo Malvine –

. Hoje acordei calado, com algo entalado na garganta. Hoje acordei exausto, com o nosso retrato na estante, um tanto clichê. Na verdade era o criado-mudo, é que desta forma ninguém iria ler.

. Hoje eu acordei assustado de tamanha a vontade de dizer, acordei preocupado por não saber o que.

. Hoje um acorde soava uma melodia complexa de saudade, e eu não sei do que. Ela ecoava das paredes e voltava, e batia e voltava, sem pestanejar.

. Hoje acordei vestindo apenas o lençol. Espionei da janela, não havia sol. Hoje acordei suado, o frio batendo meu lábio de encontro ao outro.

. Hoje encontrei a verdade num sonho do qual não me recordo. Hoje acordei calado, com algo entalado para te dizer.

SLSZ’

. Um ‘eu te amo’ sombrio e preguiçoso rasteja pelas curvas do teu corpo com o meu timbre vergonhoso e amedrontado, sabendo que eu não valho nada. Mas não se preocupe, por favor, eu sou bondoso.

. Eu sinto medo de mim, eu sinto medo de mim pelos outros, eu sei que vivo feliz, mas não pela felicidade de todos. Eu sou egoísta, amor. Amor, eu sou um escroto.

. Meus lábios macios estão sempre molhando teu rosto, e o suor do traidor entranhando em teu vestido, em teu corpo. Sim, eu te amo, amor, e o nosso amor é um grande gozo tímido, mas nada vergonhoso.

. Vamos ter que conviver com isso, com meus erros, teus acertos. Vamos ter que conviver comigo, é difícil, mas é o jeito. Vem comigo, vem. Para a gente dormir feliz, para esquecer de dormir, para a gente se lambuzar, deitar e sorrir.

Rock'N You -

. Eu que sou bruto, mas não sou produto interno e sou externo, mas não sou do exterior, fiquei antigo e estou ficando velho, eu me liguei nas velharias do meu avô.

. Quando eu digo que não, quero dizer que sim e quando eu finjo que não, quero fazer assim, do jeitinho que você gosta de mim, de forma que se chegue logo aos enfins.

. Beijo, me morde, não me socorre, só me acorde quando você acordar. Não me sacode, apenas me beije e saia para passear.

. Beijo, me liga com uma tarifa que, todos sabem, não se pode pagar. Não admita que eu me retire antes que você possa acordar, dizer que me ama, me quer e ainda agüenta me esperar.

. Levantem as velas e me tragam o horizonte antes que eu me levante para procurar. A todo vapor, a dispor e avante. Beijo, me lambe, acho que já ta em tempo de eu me despedir daqui e ir. Iih!

. Baby, me ame, vamos para Miame. Corra, nós temos um vôo para pegar. Yeah yeah!

. Frenético e viciado eu tenho tentado me encontrar em qualquer esquina, numa matéria qualquer, e tenho me ausentado, e tenho me esquivado meio sem querer, meio sem vontade de me perder.

. Pois bem, esse medo incessante de nada dar certeza também tem me afligido bastante e talvez por isso eu tenha ficado um tanto côncavo, torto, curvo, curvilíneo, um tanto desviado, mas, no entanto, sempre que foragido, tu me captura com qualquer canção que me faça lembrar de ti, com uma canção qualquer.

. E é impressionante como tua voz me acalma, me resgata de mim mesmo, e nunca foi tão bom não estar em mim, estar em ti, te ter em mim. É como se cada passo que eu der no sentido contrário reforçasse o nó e fundisse os trançados transformando duas cordas numa só.

. E o meu coração em preto e branco vai ficando avermelhado, uma ferida enrustida num bocado de vontade transversa, todas ligadas a ti, todas vontades de ti... Pois bem, eu não tenho te esquecido, eu não conseguiria. Eu ando te concretizando e o meu peito inflamando de saudade tanta, de vontade tamanha, de verdade insana.

Se eu não faço medo a ninguém,

se eu não tenho medo de quem

tem medo de mim

e o medo é assim,

tão medroso,

tão inseguro,

tão obscuro.

Se eu sofro,

se eu morro

de medo da solidão,

então segura a minha mão

e diz que tá comigo,

e diz que eu consigo

viver sem você,

morrer sem você

aqui.

Se eu não faço medo a ninguém,

se eu não tenho medo de quem

tem medo de mim,

porque morrer assim?

. Não pense que vai ser fácil e que não vamos pensar por algumas vezes em desistir, não pense que vamos estar em paz até que chegue o fim.

. Vamos ter uma vida turbulenta e trocaremos várias vezes a cor dos móveis até que tudo pareça perfeito, mas ainda teremos defeitos.

. E ainda assim vou querer ouvir que me ama, vou te beijar a noite inteira, até você dormir em meus braços e vamos perder a hora por não querer levantar.

. Eu não vejo a hora de te ver sair do banho pra te beijar a boca e não precisar tirar a roupa, e depois de tanto amor nós vamos discutir outra vez.

. E ainda assim vou querer ouvir que me ama, vou te beijar a noite inteira, até você dormir em meus braços e vamos perder a hora por não querer levantar.

. Te sobra desgaste, me falta argumento e isso me dá tanto ódio que eu próprio sorrio de mim, acaba que me desespero e até me permito chorar... mas não choro.

. E em meio a tanto ódio me sobra insanidade pra dizer que te amo,... pra dizer que te quero tanto.

. Mas eu não choro. NÃO – CHORO! _Dizem que as lágrimas são o suor das almas que lutam solitárias_ almas solidárias... não bate com o meu tipo, ou não batia.

. E em meio a tanto amor me falta lucidez pra dizer que te odeio,... e não me permito te odiar tanto. Falta sanidade pra evitar dizer que te quero, pra enfrentar esse inverno quase que glacial... e os dias estavam tão bonitos.

. Peguei folhas em branco de um caderno velho e as rasurei com algo sobre você, estou certo de que não está curiosa. [...]

. Não sei, é que sou tão previsível, você é tão indecisa, é que não importa o que eu diga, você sempre vai adorar. Você sempre volta atrás, mesmo que nunca tenha de fato ido [...], ou vindo.

. E sobre a lonjura: se existe, se real é a distancia, fisicamente falando, ou se seria essa proximidade lasciva ao nosso convívio, e qual das é falível.

. Rasuras sobre a lonjura, sobre os lapsos de proximidade, sobre certezas que temos ainda tão incertas. [...] Só sei que você existe, sei que estou aqui e que entre os dois agora há um "nós", agora há um nó que nos une.

Eu vou ao mar
reavivar a luz
da lua que alumia
o mundo, alumia
guarda-chuvas e enfeitiça
os namorados
que se escondem
do dilúvio.

. Eu quero acordar no fio da navalha quando te sangrar, quero explorar teu sangue e tua dor. Eu quero calçar a minha sandália, sair pra espalhar meu humor.

. Eu quero escutar rumores com tons de verdade pra que eu possa chorar minha maldade, lavar minha alma, pra destilar minha culpa com goles de uva.

. Eu quero a mentira mais contada na medida inexata, quero ser teu par, te tirar pra dançar uma valsa de Tiersen, quero que machuque meus pés e me arranque os dedos, quero que não me queira por um só instante.

. Porque me é intrigante tanta bondade, porque não sei se acredito na ferida que doe e não se sente, se é que me entende. Então me deixa provar o que há de profano em ti, porque pretendo ser teu par.